Não, nunca me esqueci de você

(para Dani)

Na última vez

Bati a porta bem devagar

Sem alarde

Lá fora a lua embrenhada nas nuvens

Os carros roncando

As risadas nos bares

E eu titubeava embriagado do seu gosto último

Por muito tempo fez frio

Custei a aceitar o sol

E qualquer um outro abraço quente

Desaprendi a poemizar a vida

Eu sei

Fui inconsequente

Não percebia que tudo era tão frágil

Quanto as asas de uma vida

Tão sutil quanto o sorriso de uma criança

E tudo tão breve

Quanto o piscar de olhos

Por muito tempo fui rio

Sem destino de mar

Do ponto de partida

Ao porto sem chegada

Eu sei

Fui malevolente

Não percebia o quanto doce era seu coração

E por tempos amarguei a saudade

De alguém que ainda podia estar aqui

Não, nunca me esqueci de você

Vavá Borges
Enviado por Vavá Borges em 22/08/2019
Reeditado em 13/12/2022
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