Infância

Ai que saudade da infância

Nos pé de cajueiro

Da areia branca e cinza do sertão

Que de dia fervia e de noite gelava o chão

Ai que saudade da infância

Das brincadeiras que nunca acabavam

As histórias que a vó e o vô contavam

Que faziam a gente viajar além

Que saudade do baião de dois na janta

Do cheiro do feijão cozinhando na lenha

O caju chupado no pé

E a melancia partida no chão

Que saudade do banho de chuva

Da terra molhada e o sertão verdinho

O boi correndo no pasto

E a galinha cocoricando no terreiro

Que saudade do céu estrelado sem as luzes da cidade

Da lua brilhando nele

Os passarinhos cantando para min

Ah infância, que saudade!

Saudades da liberdade inventada

Na criança viva a brincar

Quando a vida era sonho

E o sonho era vida