O Diamante Bruto.

Cerro meus olhos todo dia

Na esperança de guardar aqui

A toda fantasia

E poesia que se encerra

No final de cada olhar ao longe

E também cada alegria não vivida

Que eu dividi comigo mesmo

Nos tempos mal vividos

Que o caminho abrange

Pois a sorte desta vida

Não consiste em deparar

Com o diamante bruto

Que a cada um de nós

Há de esperar pelo caminho

E, sim, reconhecê-lo

Agradecer-lhe, com o devido zelo

Pois cada um de nós

Um dia há de encontrá-lo

Mas, nem sempre

Vê-lo

E lapidá-lo

Longe de toda malícia

Distante de qualquer olhar astuto

Somente a mansa gratidão

Que qualquer criança

Encerra dentro de si mesma

Quando tem na mão

Um brinquedo de papel

Um desenho que ficou bonito

E um coração escrito

E cerra os olhos

Na esperança de guardar ali

A sensação de fantasia

Que todo dia finge em reviver

No final de cada olhar ao longe

Que o tempo não deixou guardar.

Edson Ricardo Paiva