A poesia da roça

Deixei a minha roça

Vim morar na cidade

Deixei minha carroça

Da tapera tenho saudades.

Tudo na cidade é diferente

Até o jeito de ser da população

Aqui sinto me menos gente

Mesmo sendo um bom cidadão.

Mas o que está no sangue

Bem guardado no coração

Não se tira, nem se extingue

Com um mundo de pressão.

Tenho meu radinho de pilha

Para escutar minhas modas

Quietinho ninguém me humilha

E ninguém me incomoda.

Escuto a história da Cabocla Tereza

Chico Mineiro, Luar de Sertão

Outra retrata encantos da natureza

E as belezas desse mundão.

Escoltas de vaga-lumes , boi tufão

Estrada boiadeira, prato do dia

Chalana,preto velho, poeira no estradão,

Magoa de um boiadeiro, Virgem Maria!

Couro de boi quanta emoção

Ou mesmo desprezo e tristeza

Aí me deparo com o boi Tufão

Vítima e autor de triste proeza.

O homem amargurado

A sombra do ipê florido

Vê a vaca ir para o brejo

Com seu coração partido.

Para ir ao último julgamento

Duas camisas o moço escolheu

Na longa estrada da vida com sentimento

Na bica dӇgua sua sede morreu

O mundo pode mudar, globalizar

Ou mesmo se destruir sem explicação

Mais da veia do caboclo não vão tirar

Sua paixão pelas poesias do sertão.