Varal do Tempo
A maldição de quem ama sozinho,
É ter a sanidade devorada todas as manhãs,
Porquê o dia é só uma cortina sombria e pesada
Que corre no varal do tempo.
E eu? Eu me apego a minha formação
De crer ainda na fantasia do amor.
E misturo tudo, o vermelho da paixão,
Que mantém o tesão a eceso, e a verdade inexorável
De quê o gozo não é o mesmo, sem o amor.
É necessário gritar, soltar o animal
Que por natureza sou, e ainda dorme
A espera da festa prometida, entre a combinação lilás
E o desfiar das meias no roçar das pernas dela.
E é assim, rangendo os dentes
Que saiu todas as manhãs das gavetas do mundo,
Que me faz forte e frágil como uma restia de sombra
Pendurada no varal do tempo.
Fernando Alencar