Cinquenta e sete vezes
Comemorar aniversários.
Sorrir por ser necessário.
Aceitar presentes, dádivas e elogios.
Sorrir novamente.
Agradecer polidamente.

Ainda bem que sou dentuça
assim o sorriso está subrepticiamente sempre
presente.
Insistente.
As vezes, o sorriso é uma astúcia.
Uma ironia
Ou então o atender tardio
da ópera de Leoncavallo

Cinquenta e sete vezes
No jogo do bicho é gato.

Cinquenta e sete primaveras
Milhões de pólens
Alergias, espirros
e nariz vermelho.
Meus olhos míopes
enxergam parte de um todo.

Mas, sinto a sombra da ignorância.
Sinto ser apenas um fóton perdido
no multiverso.
Numa das galáxias paradoxais
que abriga um planeta chamado terra
encharcado
majoritariamente de água.

Brindo cinquenta e sete vezes.
Com goles generosos
de todos os líquidos

Dos que saciam a sede.
Dos que saciam os desejos.
Dos que saciam a esperança.

Viver é um desafio diário.
Amar é um jogo diário.
Constante e enigmático.
Sobreviver é dar xeque-mate.

E, noutro dia, 
tudo recomeça
o aprendizado,
o aprendiz e
o conhecimento.

Em gotas miúdas
de orvalho,
de chuva ou
de lágrimas.


 
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 23/10/2019
Código do texto: T6777424
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