O VELHO DA BEIRA DO RIO

Sentado na barranca do rio

Com a cuia na mão

O velho peão, reponta recuerdos

Dos tempos de infância.

Entre o silêncio do junco

Que margeia a barranca

E o ronco do mate

Com a erva, já quase lavada,

Ele cruza a estrada imaginação...

E, de dentro da cuia, sorve lembranças

Infinitas eu digo... Que como castigo

Ironia do destino. Este gurí teatino

Nunca esqueceu.

Jogando bolita, na terra do pátio

Na sombra da quincha do rancho de palha.

Soltando pandorgas ao vento, com sol...

Num pedaço de linha, um anzól pra pescar lambari

No riacho que corre aos fundos da casa.

Cabelos ao vento, andando à cavalo

Sempre à galope, pelas coxilhas.

Buscando as vacas de leite, novilhas, terneiros...

Guaxos no potreiro, pra dar mamadeira.

Bem cedo na mangueira, pés descalços, no chão.

Enquanto chia a chaleira na chapa de ferro

Do velho fogão...

São tantas lembranças de outrora,

Que não cabem na cuia, da erva agora lavada,

Do mate do velho, sentado, na beira do rio.

NORBERTO CASTRO
Enviado por NORBERTO CASTRO em 24/10/2019
Reeditado em 07/01/2021
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