O VELHO DA BEIRA DO RIO
Sentado na barranca do rio
Com a cuia na mão
O velho peão, reponta recuerdos
Dos tempos de infância.
Entre o silêncio do junco
Que margeia a barranca
E o ronco do mate
Com a erva, já quase lavada,
Ele cruza a estrada imaginação...
E, de dentro da cuia, sorve lembranças
Infinitas eu digo... Que como castigo
Ironia do destino. Este gurí teatino
Nunca esqueceu.
Jogando bolita, na terra do pátio
Na sombra da quincha do rancho de palha.
Soltando pandorgas ao vento, com sol...
Num pedaço de linha, um anzól pra pescar lambari
No riacho que corre aos fundos da casa.
Cabelos ao vento, andando à cavalo
Sempre à galope, pelas coxilhas.
Buscando as vacas de leite, novilhas, terneiros...
Guaxos no potreiro, pra dar mamadeira.
Bem cedo na mangueira, pés descalços, no chão.
Enquanto chia a chaleira na chapa de ferro
Do velho fogão...
São tantas lembranças de outrora,
Que não cabem na cuia, da erva agora lavada,
Do mate do velho, sentado, na beira do rio.