Pelos calabouços da saudade...

É tão forte a dor, se ausente o amor,
A alma implora sangria...
São tão longas as noites, feitios de açoites,
Clamor de alforria. 
Tão breves os sonhos… a não ser os tristonhos,
De enredo solidão…
Teimam os dias em demorar, e com isso machucar
O entregue coração.
Vazios imensos, nos deixam tensos, propensos
Às raias da loucura,
A alma pela outra chama, o coração se inflama,
Nas dores dessa tortura. 
O corpo nessa ausência, transborda de carência 
E tudo é só saudade, 
Os órgãos se queixam, os olhos nem se fecham
À caça da outra metade.
São em vão os desejos, secam-se os beijos
Perde-se os ternos abraços... 
Olha-se para o nada, nas altas madrugadas,
Insones, seguem-se os passos.
Saudade insana, mas que o tempo não engana
E machuca demais!
Por tudo a alma reclama:

         O calor que do amor emana,
                    Os infindos vazios na cama,
                                      À absurda falta de paz...