O silêncio da casa ll

Domingo de verão, o sol, esse ousado ser de luz, adentra o quarto pelo basculante da janela, e, sua luz fecunda cai sobre o meu rosto.

Acordo de uma vez, o pensamento já em ebulição: hummmm!!! Estou viva. Oro e agradeço. Como é bom estar viva!!!

Escorrego pelo pé da cama para não acordar o meu amado, ele ainda tem sono e nem a claridade vai tirá-lo da sua viagem por outros mundos .

Tomo um banho sem pressa e sigo para a cozinha, vou preparar um café gostoso, ligo o som e cantarolo junto. “ Ah! Se o mundo inteiro me pudesse ouvir tenho muito pra contar, dizer que aprendi...”

Como é bom viver! Agradeço, canto e danço.

Da varanda olho o Parque nos fundos de casa, cedo, já tem movimento, e lá vou eu ...correr, andar... agradecendo sempre!

No retorno, ouço o silêncio da casa. Enquanto descanso da corrida, leio um livro, olho o jornal e sinto saudade da zoada das crianças...

Cadê as meninas? Olho as fotografias!Elas cresceram! Cada tem sua própria casa, e estão dando continuidade às suas vidas.

E meus netos do barulho? Suspiro sorrindo...Estão acordando os seus pais para pedir o café, derramando seus brinquedos pela casa toda, e eu aqui, sentindo falta de todos. Mas não é uma saudade sofrida, é coisa de vó que ama a prole e a prole da prole.

Silêncio na casa, hora de orar...

Obrigada, meu Senhor, que possamos ver além do egoísmo, e muitas graças alcançar.

E, no silêncio da casa, sinto Deus presente, e, concluo que a felicidade pode estar no silêncio, no barulho, em cada instante, basta que a gratidão e o amor estejam em nós e no nosso lar.

Acordo o meu amado e vamos cuidar da casa. Eu, plantando e replantando as minhas suculentas e ele, aparando a grama do quintal, afinal, falta muito pouco para a casa encher de vozes e gritos felizes de filhas, genros e netos.

Silêncio na casa... tudo em seu lugar... nós dois , felizes, temos muito a agradecer, e ao bom Deus sempre honrar!