Suplício

A saudade que eu sinto em meu peito

É tufão que assobia no inverno,

É uma taça de doce falerno,

Enganando a verdade da dor;

Aproveita este amor imperfeito

Que te dou com a graça que tenho,

Porque sendo cruel um engenho

Dele vem o mais doce licor.

Aproveita este amor com desejos

E lembranças felizes de nós,

Aproveita não sendo uma atroz

Que despreza o meu tudo, por nada;

O perdão ora vem nos lampejos

Mais sinceros de uma alma perdida!...

Afinal, mesmo estando ferida,

Necessita demais ser amada!

Eu te peço: Reveja os momentos

Que tivemos em nosso trajeto

E se nesse percurso algum feto

De paixão ainda guardas contigo

Eu imploro que lutes nos ventos,

Com tufões, maremotos sem causa

Ora veja, repense, dê pausa,

Ao pensar na lembrança do abrigo...

Peço ao tempo que cure as feridas,

Toda raiva, vis mágoas, rancor

E que ponhas perfume da flor,

A doçura do mel no teu peito...

E, quem sabe a visão das sofridas

Lutas duras que nós dois travamos

Se transforme nos mais belos ramos,

Esperança com cândido efeito.

Peço ao tempo que cure as mazelas

E não deixe sequer uma marca,

Mas que ponha nós dois em uma arca

Que nos leve a um futuro brilhante;

Que não sejam fatais as sequelas

Das palavras faladas com raiva

Com a férrea verdade ou com laiva,

Na tortura de um vil arrogante.

Meu amor, o desejo que sinto

É a verdade que trago comigo,

Posso até padecer o castigo,

Consequência que dói, não tem jeito!

Mas, contudo, te juro!... - não minto!...

O porquê deste meu sofrimento:

É o tamanho do meu sentimento,

A saudade que eu sinto em meu peito!

Cairo Pereira
Enviado por Cairo Pereira em 17/07/2020
Reeditado em 23/09/2020
Código do texto: T7008925
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.