Outono

Tu foste o meu outono, e em minha vida

vi, tristes, minhas folhas de saudade

rolarem pelo solo, ressequidas,

deixando-me mais nua a vaidade!

Tu foste o meu outono, minha vida;

pudeste adormecer minha vontade

e pude então passar despercebida,

tão presa à minha própria liberdade!

Tu foste o meu outono e não soubeste

colher de mim o sonho passageiro;

e se hoje, em meu inverno, não me vestes,

não posso te chamar de companheiro!

Não sei se posso ter saudades tuas

pois nem mesmo senti tua partida,

outono de meu ser, que continuas

tirando as minhas folhas ressequidas!

E hoje – inverno ainda – à tua espera

eu penso que talvez voltes a vir

quem sabe, outono meu, para eu sentir

que voltes desta vez em primavera!

Soubeste ser... Tu foste o meu outono;

roubaste minhas folhas, e não sei

porque ter tanto medo do abandono

se eu mesma, antes de ti, me abandonei!

Mas tu, minha estação, ainda deixaste

as folhas de um amor que eu cultivei

a ponto de saber que não me amaste;

passaste – sem saber quanto eu te amei!

Poeteiro
Enviado por Poeteiro em 21/10/2007
Código do texto: T703774