única forma

ainda me lembro o dia cinzendo que nos acompanhou na rua.

ainda me quero daquele jeito tão pensativo.

ainda me entrego àquele dia como se permanecesse hoje vivendo.

ainda me lanço diante da saudade como única forma de te trazer para meus braços.

ainda refaço passos e enssaios para lhe dizer que ainda quero me sentar a teu lado na calçada.

ainda quero gritar para que me escute e saiba que o tempo não vasculhará nossas coisas.

ainda me arrependo do fogo que incendiou nossas fotos, nossas lembranças.

ainda assim sou os pés no chão e não me libertei dos sonhos.

ainda é sustentável a vontade de te ver.

ainda é tua voz que ecoa o que não foi dito.

ainda é mentira as palavras mal ditas, mal interpretadas, mal amadas que nos separou.

ainda minha cabeça julga meu erro, meu zelo, meu jeito.

ainda não sou livre do que sou.

Tati Pereira
Enviado por Tati Pereira em 15/11/2005
Reeditado em 17/11/2005
Código do texto: T72000