Um Quase, Um Talvez
Se a saudade te morder, me avisa,
que eu trago o violão e uma dose de ironia.
Se o meu nome te escapar num suspiro,
me liga, nem que seja pra dizer que foi um tiroteio de esquecimento e memória.
Se a saudade for só um arranhão,
um quase, um talvez, um "e se" no coração,
conta mesmo assim, que eu vou rir com você,
porque o amor, às vezes, é um tropeço de fé.
Se a saudade for só uma sombra no teu dia,
um riso que quase veio, mas não vinha,
conta que quase sentiste minha falta,
que quase escreveste, quase falaste,
quase me chamaste pra uma volta.
E se a saudade nunca te visitar,
tudo bem, eu fico aqui a imaginar
que talvez sentiste e não disseste,
que talvez guardaste num canto qualquer.
E eu, cá estou, com meu copo de vinho,
invejando tua arte de não sentir,
de calar o peito e não se perder.
Porque eu, meu amor, sou feito de quase,
de dias azuis e noites de rasgos,
de telefonemas que nunca acontecem,
de mensagens que escrevo e não envio,
de um coração que vive no vazio
e se alimenta de um "quase" que insiste.
Mas se morreres de saudade, me avisa,
que eu trago o violão, a ironia e a risada franca.
E juntos faremos do quase um sempre,
do silêncio um verso, da falta um presente.
Porque, no fim, o amor é isso:
um quase que dói, um quase que fica,
um quase que ri de si mesmo.
E se não for nada, tudo bem também,
eu sigo aqui, com meu "quase" e meu vinho,
sabendo que o amor, quando não é,
é só mais uma história pra contar no bar.