Madrugada derradeira

Estes são os versos que não deixei

nesta luz que arrebentou a tela.

Dos pensamentos acorrentados

restaram as correntes quebradas.

Nem alegria nem louvor

Só os versos da imensidão

cobrem esta noite o leito

Desta temível devassidão.

A cama traz a melancolia

como única companhia

e na solidão os versos

aliviam a dor dos ossos.

Digito no teclado letras

Que deveriam ser desenhadas

Numa quente pele nua e lisa

Elas ganhariam vida suadas!

A noite veio e parece ser a última

O poema se foi com a tua presença

Sobraram incômodas aves de rapina

Sobrevoando em nossas cabeças.

Quem desatará esta armadilha

Dos corpos nas redes grudados

Como os de peixes pescados

Em dias sem sol numa ilha?

Brenda Marques Pena
Enviado por Brenda Marques Pena em 28/02/2008
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