Agreste das almas
Neste mundo, tantas vidas
Tocam o seio desta terra
E, em meio a despedidas,
A morte âmaga que lhes encerra.
Um sorriso já sem encanto
Vaga cego por estas ruas:
O leva a noite sob seu manto
Por entre sombras de almas nuas.
Chovem gotas nesse momento
Mas os olhares estão cerrados:
Só quem chora é o firmamento
E nossos pés, já alagados.
O peso desta possa
É muito – ante passos cansados,
E o sabor que a endossa,
Amargo quanto sonhos deixados.
Não há rumos que os sigam
Nem tristeza a esses soldados,
Nem destinos que persigam
Quem aos abismos estão prostrados.
Desfiladeiros de lembranças
Lhes cercam horas e passado
E atalhos de tantas ânsias
Tentados a um eterno fado.
As recordações sempre amaram
E delas a jura que um dia existiram,
Segundos de vida que sem hora voaram
E ao pendor de esquecidos se cobriram.
O passado que lhes foi lavrado
De prematuro a saudade levou consigo
E a aura dos nomes que honraram
Corrói à janela de seu umbigo.
Desejos, tantas mentes povoaram:
Arquitetos do fio que hão tecido
Mas seus corações se desertaram
Do labor da grandeza que hão querido.
O futuro, de construções,
Só em retratos da maresia;
Um vocabulário de ilusões
Descreve, a penas, alma vazia.
Os vales em que dias se acostaram
Os floreios das virtudes
São lacunas ora das almas que se levaram
Às agruras em seus açudes.