Poema do desespero

Alguém bate à minha porta

e minha casa está vazia,

meu corpo oco, minha alma morta,

só existe noite em meu dia.

A mão que bate é firme e forte

e seu bater é insistente,

mas não estaca o feio corte

dos meus pulsos, espírito e mente.

A água goteja da torneira

no ritmo do meu fluído vital

vejo em preto e branco minha vida inteira

e não distingo o bem e o mal.

Este ser humano de quem assisto a morte

está cansado deste caminho

bebam pois à minha sorte

meu sangue, amargo vinho.

Estou trancado em minha despedida

os gritos parecem eco distante

escolhi neste instante da vida

a morte, definitiva amante.