MENINA-MULHER


Menina-mulher...
Que a rua adotou...
Que a rua criou...
Menina-mulher!

Menina-mulher...
Que não conhece o amor,
Que só conhece a dor!
Menina-mulher...

Menina-mulher...
Já prostituída...
Usada..., banida
Do meio social.

Menina-mulher
Que dorme ao relento
Na chuva, onde o vento
É o seu cobertor.

Menina-mulher
Sem conhecimento
E que busca alimento
A pedir no sinal.

Menina-mulher...
Pés sujos, bichados,
A quem uns trocados
Se dá por favor.

Menina-mulher
Sem mãe e sem pai,
Que na rua vai
Sendo sempre insultada.

Menina-mulher
Coberta de trapos,
Vestindo farrapos
Que de alguém sobrou.

Menina-mulher
Revirando o lixo
Como fora um bicho,
Corta o coração

De alguém que percebe
Que ali há um ser
Que deixara de ver,
E que, agora, notou.

Menina-mulher...
Ser imaculado,
Cujo único pecado
É viver no lixão.

Menina-mulher
Que o estupro marcou
E seu filho levou
Sem direito a nascer.

Menina-mulher...
Esquecida do mundo,
A ti, meu profundo
Amor de irmã
...
Que chora o descaso
Com a mulher que o acaso
Deixou sem amanhã.


Rosa Regis

Natal/RN – 13 de março de 2009
9:40 AM