OS POBRES

Na inquietação da sombreada vida

onde cada qual do outro se afasta,

paira sobre nós a miséria esquecida

que magoa os corações que agasta.

Passamos ausentes sempre apressados

alheios do mundo que a mão estende,

olhamos apáticos os olhos encovados

e lamentamos a miséria que a vida fende.

Acossados pela fome e pelo desamor

suportam os pobres um viver de frieza,

gastos no silêncio são arautos da dor

que curtem angustiados na sua pobreza.

Abandonados na lastimosa solidão

derivam pelas ruelas escuras e frias,

onde só as estrelas possuem o condão

de as aclarar e tornar menos sombrias.

Por caminhos de incerteza e amargura

os pobres no anonimato mergulhados

vibram carentes de carinhos e ternura

e expiam agonizantes os sonhos falhados.

José Rafael
Enviado por José Rafael em 07/04/2009
Código do texto: T1527372
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