Cego

Que vontade de sentir, criar seu irreal contorno,

Te beijar profundo e fechar os olhos,

Sentir distante todos os sentidos,

O calor que toma conta da direção,

Corpos que se amarram, se enrolam.

Eu sei,

E dói saber,

Corpos Deveriam ser apenas brilho,

Mas de luz, também se nutri o escuro.

E onde nada há, tudo se cria.

Até amor que vem com brinde,

Presente escondido,

Frio que causa medo,

Vacina que contém veneno,

Amar é correr os riscos de mostrar-se todo,

De perder todas as razões do lógico,

Amar é cegar-se, sangrar-se,

Anular-se.

Pequeno bolso de surpresas,

Caixa de música de terror.

O brilho da prata, da ponta da flecha.