65 anos vividos em poesia.
O meu canto de outrora
era canto de alegria...
Rodeava a poesia,
ressoava pelo ar...
Eu pensava que valia a pena
essa dor suprema
que não parava mais...
Mas não vale não,
Tudo incomoda o coração...
O meu grito é de agonia,
já foi antes de alegria...
Mas o tempo se incumbiu
de matar a minha flor...
Amassada pela dor
sucumbiu de amargor...
Minha vida já foi linda,
eu já fui inconsequente...
Mas um dia de repente
rolou tudo pelo ar...
Desabou o sonho meu...
Foi por terra a poesia...
Hoje o canto que eu canto
é tristeza e solidão...
Não esperes não
que te aconteça o mesmo...
Que teu sonho fique negro,
quando um dia foi brilhante,
o mais rico diamante...
Agora cascalho é....
Não esperes que a mágoa te convença
que a tua nova crença
é querer poder chorar...
Não esperes que o dia amanheça,
pois a noite é perversa
e seu manto é de dor...
Não deixes que contigo aconteça
o que aconteceu comigo,
ver meu mundo desabar...
Ver a criança mais bonita que já fui
fazer sessenta e cinco anos,
onde o amor já não mais flui...
Não esperes, sejas feliz no momento
que Deus te der sem lamento,
pois depois é só torpor...
Aos sessenta e cinco anos
solidão é a companheira,
não existe mais carinho,
amor já partiu também...
E ficamos vivendo assim somente,
pensando que a semente
inda vai desabrochar...
Mas ela foi jogada num monte
de tanta lamúria
e morreu de tanta dor...!
Adeus, eu digo prá vida,
vou viver a mais sentida
despedida de um amor...
às 22:30hs do dia 07/12/2011