AINDA BUSCO...
Tropeço no tempo... Sangra o passo,
passo a passo a vida é desconhecida.
Sangra um pobre coração de cansaço,
alma minha se cala, da luz perdida!
Sangra a pele sem o calor do abraço,
mirra a quimera que em viço a nutria.
Num outono ingrato sou apenas pedaço
do todo, de tudo que almejei ser um dia...
Sangra horizonte onde o olhar alcança,
olhos esguios e de esperanças escassos.
Sangra o amor... Sentimento que cansa
da imprecisão, do vazio, da falta de laços.
Sangra a poesia... Esta minha amargura
tão ausente de sonhos arranha o verso.
Palavras se perdem em noite escura...
Sangro eu, ser impuro... Nesta loucura
ainda busco em você, outra parte minha...
Meu eu perfeito, feito de tristeza e ternura!
2012