Réquiem Aeternum para Maria Clara Segóbia

Réquiem Aeternum para Maria Clara Segóbia

Delasnieve Daspet

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Repouso eterno, minha amiga.

Cobres de tristeza a todos os teus amigos.

Lutastes bravamente com as armas que dispunhas,

Não te entregastes.... mas como bem me dissestes,

Traiçoeira ela foi minando, minando, tomando tuas resistências,

Abrindo flancos em tuas trincheiras.

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Percebi isso quando me ligastes no dia 23 de dezembro.

Era vinte e tres e trinta horas, tocava o telefone, ao atender

Vi um numero desconhecido, de Porto Alegre.

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Ao pegar ou telefone tua filha me disse que querias falar comigo,

Falamos longamente, como sempre faziamos,

Ao menos duas vezes por mes.

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Mas a voz que me chegava, terna e amiga,

Estava fraca e dolorida, um fio de voz,

E, me disse que queria falar com os amigos que amava

Para o abraço de Natal... ou de adeus?

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Fui te visitar em setembro, passeamos,

Passei uma parte de meu aniversário contigo,

Fomos ao shopping, a churrascarias que amavas,

E a posse do Antonio na Academia de Letras do

Estado do Rio Grande do Sul.

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E fotografamos. E conversamos. E rimos, E choramos...

Sabiamos que o tempo urgia... E faziamos planos para

A visita ao Pantanal, que ficou para outras eras.

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E que urgencia tinhas, Maria Clara!

Com que rapidez resolvia as coisas...

E ia onde a poesia te levava,

Não deixava gelar a chama

Que em teu peito ardia.

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Não cansastes; a vida para ti

Nunca foi uma obrigação, mas um prazer.

Prazer em abrir portas e janelas a poetas de todas as estirpes

Que te lembrarão com nostalgia.

Falarão de ti, por várias vezes,

Como se não tivesseis partido.

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Tua lembrança permanecerá,

Tua vida não foi em vão,

Lembrão de ti os incas, maias e os astecas,

Os gregos e troianos, os argentinos e indianos,

Brasileiros e uruguaios,

Pois em cada chão deste mundo,

Trovastes com teus versos brancos e livres,

Celebrando a amizade, driblando as insonias e tristuras.

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Te vemos partir a nossa frente,

Fostes, certamente, abrir caminhos,

Por isso escolheu uma noite com muita luz,

Quando a amante da Terra, a Lua, se mostrava

Cheia e mais bela, em quente noite de verão.

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Sorrirás ao ver nossos queixumes, Maria Clara?

Sorrirás ao ver nossa tristeza?

Sorrirás da pobreza de nossos versos que

Não conseguem traduzir o silêncio de nossas lágrimas?

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Poeta Andarilha, andastes tanto, que a Terra

Já não te bastava, e fostes pela noite, em busca da Luz,

Recolhe nossos versos, e, na palidez de nossos rostos,

A saudade, num crescente, não te alcança...

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Maria Clara, hoje, meus versos são um canto fúnebre,

Tristeza que me abraça em soluços...

Nos vês? Nos vês, Maria Clara?

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A dor pungente, asas sem força que não podem voar...

Aumenta com o tempo, e, tudo acaba tão depressa...

Cerradas as cortinas temos de nos retirar!

DD_Delasnieve Daspet - em Campo Grande-MS, 30 de dezembro de 2012 - às 22 horas