Amargura

Era amarga a bebida

À sua frente no copo

A próxima dose de muitas outras

Que ainda beberia

Nada comparada ao amargor

Que em seu peito existia

Comprou logo uma garrafa toda

Uma ou duas doses

Já não mais o satisfazia

A bebida de gole em gole sorveria

E assim eram seus dias

Uma fila de dias tristes

Uma fila de garrafas

Ora cheias, ora vazias

Fazendo-lhe companhia

A boca já anestesiada pelo álcool

Pouca coisa ainda sentia

Mas e a vida?

O que mais ainda viria?

Era cada vez mais tênue

O fiapo de esperança

Onde ainda se prendia...

E esse amargor no peito?

Perguntava-se o bêbado infeliz

Um dia do seu peito partiria?

...

Pobre bêbado infeliz

Em sua vida só desamor

Muita angústia, muita dor

Nunca uma verdadeira alegria

Hoje descansa numa campa fria.

= Roberto Coradini {bp} =

21//11//2013