Um silencioso grito.

Ao abrir minha janela,

deparei com triste cena,

que em nada era singela,

nem tema, pra belo poema.

Uma moça mal vestida,

segurava em suas mãos,

uma carta envelhecida,

como um trapo de emoção.

Quis firmar fisionomia,

percebendo com embaraço,

que pela moça escorria,

filete de sangue no braço.

Gotejava lentamente,

desfazendo aquela dama,

e uma poça estranhamente,

se formava sobre a grama.

Abri o portão com firmeza,

querendo até ela chegar,

e com muita delicadeza,

quem sabe, a moça ajudar.

De repente, um susto me pega,

quando o corpo, tomba no chão,

e a ausente batida não nega,

a parada do seu coração.

A moça morrera sozinha,

com uma facada no peito,

apertando em sua mãozinha,

aquele bilhete mal feito.

E nas mal traçadas linhas,

que nada diriam em verso,

guardavam nas entrelinhas,

saudades do filho disperso.

Fôra a moça assassinada,

na mais pura crueldade,

por um homem, esfaqueada,

com rudeza e com maldade.

Pobre moça, na fraqueza,

muita luta, sem preguiça.

Sua morte, com certeza,

Deixou grito por justiça!

Não morrera inutilmente,

no sangrar de uma paixão.

e o seu corpo adormecente,

foi na lápide, a inscrição:

Aqui dorme eternamente,

uma alma injustiçada,

cujo erro inocente,

foi amar, sem ser amada...

Day Moraes
Enviado por Day Moraes em 10/10/2005
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