Desnuda alma

Quanto de tristeza há nas poesias noturnas?

Passeio pelos campos cinza de almas soturnas,

fingindo não ser sua a dor que agoniza no lamento,

infinitas despedidas no trem de um grande tormento,

descobrindo-se desnuda a alma no gélido vento,

enquanto tentas segurar entre os dedos as areias do tempo...

Quanto de solidão há em palavras deitadas em versos?

Disputas melancólicas de abandonos em mundos controversos,

dramatizando sorrisos falseados em refléxos tortos,

distintos sentimentos esfacelados em combates eternos,

partindo-se em fragmentos o espírito de perdas constantes,

buscando impedir os ponteiros do relógio para guardar instantes...

Quanto de saudade há em estrofes azuis da cor do mar?

Mergulhos intensos em incertezas de a quem amar,

somatizando angústias de mágoas passadas,

neuroses jamais resolvidas por umas poucas pílulas,

esvaindo-se em delírios de insanas recordações,

correndo descalço sobre cacos de vidro em várias direções...