Triste Dezembro

Chegamos à dezembro,

luzes de natal pela cidade,

um longo tempo para sentir,

da saudade ao vazio instalado,

abismos sem pontes,

telefonemas esquecidos,

consumo depressivo,

pessoas aglomerandas em lojas,

presentes escolhidos à revelia,

cartões de crédito estourados,

praças de alimentação lotadas,

passeios no lago do parque,

patinando sobre gelo fino,

frio produzindo neve interna,

tudo o que me vem é tristeza,

flocos de lágrimas ao vento,

soprando esperanças vãs,

escrevendo cartas para St. Klaus,

nenhuma notícia na caixa postal,

e-mails zerados dia à dia,

onde se escondeu a felicidade?

Não há pinheiros em moradas solitárias,

minhas estrelas já voltaram para o céu,

nem mesmo o interruptor de luz funciona,

das sobras da vida apenas o vinho,

cálices de dor em brindes vazios,

sorrindo por não estar sendo filmado,

em mais uma noite de escritas,

poesias de um coração partido,

versos de um espírito abandonado,

suspiros de uma existência nada doce...