Infinito de silêncios

Essa é a história de um garoto de olhos tristes,

o cinza claro que carrega o chumbo na alma,

alguém à margem da sociedade de consumo,

distante das baladas de finais de semana,

aquele que perambula pelas ruas toda a vida,

primeiro à pé e depois em sua velha moto,

rodando sem destino por vias sem sinalização,

quilômetros de estradas solitárias em seus ombros,

olhar de uma busca eterna sem encontros,

rosto com marcas de um tempo sem sorrisos,

enquanto todos se divertem em seus festejos natalinos,

ele conta das estrelas da areia da praia onde dorme,

percorre o céu desejoso de respostas sem retorno,

na fogueira o crepitar de seu espírito em busca de consolo,

lágrimas escapam de suas lembranças perdidas,

uma família esquecida, um coração partido,

no obscuro recanto de sua mente só tristeza,

dedilhando uma música antiga por distração,

quando tudo parece ser um infinito de silêncios...