Dor(Poema 16)

Oculta tua dor como um sarcófago em

Pirâmide escondida e inacessível, oculta a dor

No inverno mais rigoroso e escondido de toda

A face do sol, retesa, reprime, e logo aniquila

Tua manchas negras e sombras odiosas.

Faz tuas dores serem bonecos mudos, animais empalados

Escondidos em sótãos inacessíveis e trancados a mil chaves...

Esquece teus traumas que a ti te causaram uma divisão

Absurda da tua pessoa, bebe teu sangue em copos...

Envolve tuas mágoas numa câmara hermética

Cujas portas estarão fechadas e só poderão ser abertas

Em linguagens antigas e cuja mente não relembra

Facilmente. Envolta em câmaras de barro, entradas fechadas

De milhares de anos e chacais como protetores leais.

Fecha em cubículos minúsculos aquela dor e aquela angústia

Que deseja sempre sair e voar pelo mundo... Coloca em tuas dores

A marca indelével do escravo, a marca que qualquer perseguidor

Reconhecerá, persegue tua dor nos cantos inóspitos

Da mente traiçoeira e indelével, afina teus instrumentos

Tortuosos a cada pedido de clemência da dor suplicante....

Para cada dor, um novo sótão, um novo porão

Fechado e sem janelas para o mundo... Para cada

Escapadela de voz um clamor guerreiro bradando

Naquela dor que deseja a liberdade para

Ser apenas mais aquela indisposta emoção catártica!

Martin Schongauer
Enviado por Martin Schongauer em 25/05/2018
Reeditado em 02/05/2023
Código do texto: T6346123
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.