NAUFRÁGIO

Perdido no mar, mastros quebrados,

Baloiça à deriva indolente barco à vela,

Na proa colorida corações entrelaçados

Cobrem de magia pintura simples e bela!

Na coberta despida banhada pelo mar

O abandono parece completo e vazio,

Quebra o silêncio o forte vento a uivar

Pelo convés do barco adormecido e frio.

Coberto de espuma salgada e maresia

Como fantasma cercado de neblina,

Flutua o barco num ritmo de poesia

Longe da vida dispersa e peregrina.

Na ponte do comando exausto capitão

Os mastros olha com desgosto profundo,

Lembra glórias vividas na emoção

Do navegar errante, livre e vagabundo.

Gasto por sonhos que lhe queimam a mente

E por ilusões mergulhadas na amargura

Mira o horizonte num esforço impotente

E cai sobre o leme num abismo de tortura.

José Rafael
Enviado por José Rafael em 26/10/2005
Código do texto: T63841