Alma Partida

Ainda ouço os pedaços de minha mortalha

rasgarem - se inaudíveis.

Enquanto visto cores e pinto amores doentes

nas paredes de um ser pulsante, teimoso e frágil.

Ele ainda suspira por ti no modo automático.

Bombeia dentro de si,

o aconchego que uniu cada estilhaço que causava dor.

Faz correr por minhas veias o teu perfume de frésias,

colhidas ao nascer do Sol,

banhadas em gotas de orvalho.

O Rouxinol perde teu posto em gaiolas douradas,

e canta triste uma memória de riso doce e debochado.

Suave e despreocupada voz de barítono.

Enquanto lágrimas banham a face

que agora jaz sem vida, sem sonhos e esperanças.

A cumplicidade sussurrada

deu adeus aos pequenos segredos

e a traços que o mundo jamais conheceu.

Os sorrisos escondiam - se,

nos dedos as contas de um colar se perdiam, se contavam, esmaeciam...

"Era apenas a despedida." - eu diria.

Não morava mais um beijo.

Não cabia uma súplica.

Nem cores, nem vidas, nem desencontros.

Nem sequer o âmbar líquido dos olhos do ser amado.

A graça quedou - se no erro, na hora não marcada.

Na inocência conspurcada pela sedução.

Quedou - se nos jogos de interesse,

onde sempre vence o mais forte.

Houve paz em meio ao caos e também dor.

Uma última luz da alma, apagou - se.

Agora era tudo silêncio,

a cada vazia,

a maldição soturna,

e a canção do vento.

Não houve pedras a pisar,

apenas o velho e bom cinza a espreitar,

abraçando com firmeza

o que deverás era real...

Música: Cursed - Jacob Lee

L Orleander
Enviado por L Orleander em 10/07/2018
Código do texto: T6386803
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