Como nunca se viu por aqui

e que sejam bem-vindos

os dias cinzas

que as pernas tenham força

para levantar o corpo

cada vez mais desacreditado

e que o amor pelo presente

supere meu temor pelo futuro

cópia perfeita de ontem

no papel ensopado de vermelho

que cobre o chão das ruas

ecoam os gritos aterrorizados

por dedos em riste

dedos que apontam,

dedos que semeiam a sujeira

mascarada por belos fraseados

a dialética sedenta pelo corpo pontual

objeto de estudo

ser humano objeto

enfileirado, ordenado

tratamento excepcional

fecha-se portas de corações férteis

apaga-se a história de uma nação tão diversa

surge o sujeito moderno, seco e duro, imerso na escuridão

avançando pelos dias com uma beleza peculiar

. peculiar .

o jeito como espalha o temporal

pelo tempo que for necessário

em uma só brisa, mesmo que de leve

abrindo espaço para que todos os raios da luz oprimida

brilhem tão fortes, como nunca se viu

rasgando o céu de dourado, como nunca se viu

olhos tão bonitos

perdidos em lágrimas

rolando mundo a fora em busca de refúgio

esperançoso ao revogar o ódio

como nunca se vê em dias cinzas

Marcelo Teixeira
Enviado por Marcelo Teixeira em 07/10/2018
Reeditado em 29/10/2018
Código do texto: T6470286
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