Assassino de papel

Com a caneta ando perfurando o papel

já não consigo conter o sentimento

ele vive saboreando meu fel

e lamento por ele saborear tanto sofrimento

Em minhas cruéis mãos o faço sangrar

desculpe-me papel por te machucar

sei que sou egoísta, jogo em ti meu fardo

e você pobre altruísta

nunca reclamou de degustar cada verso amargo

Sempre repleto de fúria e a caneta na mão

te golpeio cheio de ódio no peito

até carrego culpa em meu coração

perdoe-me papel, a raiva é meu defeito

Ontem a noite me descontrolei

com a caneta nas mãos em meu mausoléu

minha roupa de tinta foi manchada

meu ser tornou-se réu

minha alma aceitou ser condenada

A arma do crime em minha mão

a vitima rasgada, caída pelo chão

a tinta escorrendo do meu coração

minha mente pedindo a sentença

não aceitaria redenção

Ontem o papel foi assassinado

minhas dores ele não pode mais conter

serei eterno culpado

fiz o papel, meu guarda dor, morrer!

R J Ferreira
Enviado por R J Ferreira em 18/10/2018
Reeditado em 18/10/2018
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