Sou um homem triste
Sou um homem triste
Navego por oceanos de sal
Sofro a dor da amargura
Me perco em todas as ocasiões.
Sou um homem triste
Preso numa dimensão escura e fria
No silêncio da terrível tempestade
Entre motivos sem iguais
Com lágrimas à regar um eu morto.
Sou um homem triste
Que necessita de carinho por esmolas
Que murmura na fartura
E dorme em busca de qualquer paz
Estou perdido e ainda não sei de mim.
Sou um homem triste
Que escreve poesias em busca do consolo
Que traído foi do próprio tempo
Embriagado do álcool de si mesmo veneno
Um pobre passarinho acostumado na gaiola.
Sou um homem triste
Que enamora as íntimas desgraças
Que não quer viver uma paixão
E maldizente se tornará na sua solidão
Pois sou uma história de fim apenas.
Sou um homem triste
Que desconhece o brilho da alma
Que não quer acreditar em Deus
Que zomba do sagrado dos seres afã
O próprio espectro vagante em algum credo.
Sou um homem triste
Que espera de si mesmo e renunciou a vida
Sujeito que não viveu um grande amor
Amou o pecado e nisso encontrou sua redenção
Sou uma praga que escreve buscando belezas.
Sou um homem triste
A própria encarnação do mau egoísta
Que briga com a própria sombra e vence
Que clama em lágrimas algum socorro
Que precisa de uma paixão à flor da pele.
Sou um homem triste
Que viajou em busca do frio da Lua
E quis morrer no calor do Sol
Desconhece o calor de um abraço
E jamais sentiu o vigoroso da Primavera.
Sou um homem triste
Que sozinho imaginava um mundo de beleza
Mas tinha no espírito a feiura do pecado
Nunca vislumbrou um frescor do beijo
E morreu entre ideais de liberdade apenas.
Sou um homem triste
Sou a lágrima sussurrante
O prazer que é sentido na melancolia
O desejo negado de um simples sorriso
Sou a batida do sino da igreja mórbido e nu.
Sou um homem triste
Que o primeiro amor foi a traição
Caminhante foi das próprias conspirações
Acordou ao meio dia dos íntimos flagelos
E rasgou as feridas com o ódio das frustrações.
Sou um homem triste
Sou o amanhã tão terrível
Sou o filho que não sentiu o privilégio de pai e mãe
Sou a carestia da fome que peleja numa seca de razões
Sou a tristeza independente de amor à violência.
Sou um homem triste
Entre poesias de tantas mentiras de mim mesmo
Um pobre eu que vaga e não si encontrou nos outros
Sou a canção que muitos artistas fazem mangofas
Sou uma quente cascata dos olhos que desceu um fogo.
Sou um homem triste
A beleza dos fracos de resoluções escreventes tão só
A única pessoa que recita suas íntimas guerras
Sou um afogado que deixou no mundo fôlego
Sou um que tem ar e teima em tornar o ar um furacão.
Sou um homem triste
Sou a poesia que canta sem nenhuma saudade das rimas
Sou a poesia de lágrimas apaixonadas pelo belo choro
Sou a poesia que vacilante estremece no apogeu pranto
Sou um homem que corta os pulsos por compreensão
Sou a lasciva alma que busca nas trevas um destino.
Sou um homem triste
Quantos em busca do Norte que nem sempre guia
Tempestade ligeira és ó poesia do meu lençol
Ruidosa idéia é viver nas lágrimas e nisto achar abrigo
Sou um melodrama que fugiu do cenário dos deuses
Ó donzela que me toma por completo no sofrer à poético.
Sou um homem triste
Sou a beleza que desvaneceu negra na rede em sonos
Sou depressão tratada com haxixe e teve ilusões...
Sou depressão tratada com cogumelos e teve ilusões...
Somente em trevas e em lágrimas tão mornas, o Paraíso.
Sou um homem triste
Em mim uma imensidão de imaginação
Criança que brinca no caminho sem volta eterna
Passarinho que olha o céu e percebe o orvalho no corpo
Folha verde ou seca levada pela ventania da razão do eu
Sou as sombras das próprias palavras perdidas e nuas
Sou a dança proibida no baile onde todos não sabem dançar...
Sou um homem triste
Sou o término do verão impiedoso que não achou abrigo
Mendigo sujo de venturas tão assombrosas e confusas
Enquanto existe o tempo e minutos de choro e solidão
Suicídio de amor paixão medo e frustração a me zombar
Rancor da alma faminta de desejos prepotentes
E na fuga da alma e do espírito nenhuma lembrança de si.
Onde Deus pode te encontrar homem triste?
Onde tantas lágrimas podem formar o inferno do ego?
Onde a tua depressão encontrou abrigo desta friagem?
Onde essa maldição poética ti levou que ainda respiras?
Onde foi colhida as flores do tempo e espaço em ruínas?
Onde a pequenez sombra das tuas dúvidas se misturou?
Onde a poesia repousou da violação das rimas ao pranto?
Sou um homem triste
Que vazio faz a pergunta e responde ainda sem entender
Lágrimas de íntima alma que no espírito achou o corpo
Triste homem tão perdido no caminho dos espinhos fútil
Sou tristeza que buscou um amor ao seu entender rival
Sou pranto que quer encontrar no próprio sofrer sinais
Sou tristeza, mas também sou a raiz da minha única vida.
Sou um homem triste
Não existirá nessas palavras minha essência?
Como poder sonhar um mundo melhor se estou à morrer?
Espelhos da alma que ambiciona os reflexos inúteis
Como uma rosa negra que solta os perfumes da morte
E enquanto tristeza for sinônimo de poesias nove suicídios à quem escreve seus prantos...
E Enquanto tristeza for sinal de alguns poetas uma única poesia deixará de ser sinal deste ser macambúzio.