A ESPADA E A CRUZ (86)

A ESPADA E A CRUZ

Se encontraram derepente,

Numa agreste madrugada;

Entre a foice e o martelo,

Entre a cruz e a espada.

Falaram do passado,

E do escasso presente;

Da fuga do precipício,

O principio da serpente.

Sorriram pos quase nada,

Cantaram naquele dia;

Testemunha do momento,

Febril de tanta magia.

Eles se amaram na relva,

Macia de um só verão;

Ela uma loba no cio,

Ele um calado leão.

Sem temerem mais o fundo,

Do túnel encontraram a luz;

Encontraram aquela espada,

Cravada ao lado da cruz.

*J.L.BORGES