Rio profundo

Me conte algo novo,

os segredos do universo talvez,

o número das estrelas no céu,

novas palavras para um dicionário não publicado...

Me diga algo diferente,

o que é capaz de fazer sorrir um ser triste,

o que dá asas à um pássaro com medo de altura,

o que fortalece a fé de um descrente na vida,

as magias que permitem a vida vencer a morte...

Quando as sombras recaem sobre dias claros,

você fecha os olhos e só quer dormir,

sumir na poeira de uma tempestade de ventos,

deixar de existir num estalar de dedos,

pois de fato, ninguém sentiria sua falta,

descartável tal qual um produto biodegradável,

perdido nas ondas de um rio profundo,

afundando no redomoinho da existência...

Me deixe sozinho com minhas feridas,

não me console com suas frases distantes,

preciso de silêncio para pensar,

a escuridão não machuca meus olhos...

Me leve flores somente uma vez ao ano,

não quero lágrimas em minha lápide,

deixe o mármore sobreviver à chuva e ao sol,

no final será tudo que restará das memórias que tive...