TUMBEIRO

O seu espelho é de dor e agonia,

como as feridas e tristezas de Maria.

Ouço o lamento que o cativo entoou,

logo que a noite fez o dia.

Os pés são raízes do canavial,

são o castigo do pecado original.

Suor amargo que expurga todo o mal,

o mesmo que afogava, no mistério da travessia.

Mas em segredo persiste na romaria,

o atabaque que revive o ancestral.

Atrás do rosário, a natureza arredia,

revolta de reis nesta terra imperial.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 04/03/2019
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