O tudo, o todo

É minha alma em estilhaços que segue solitária,

Não é o espelho do meu corpo ou a pretensa força motora

O agente que me conduz nessa estrada

É tão somente a sombra do que fui, na esperança de um dia

Ser de novo

Estou frágil, quase suicida, às véspera de um noturno que se aproxima,

Às vésperas dos sortilégios imaginários,

Às vésperas de um sair de mim...

Estou só,

Completamente só na travessia

E isso é tudo um pouco antes de esticar os pés na última soleira do último andar,

Mas sustento-me nas próprias nuvens, procurando atento o apoio redentor

Sustento-me no último gole de vinho, na última porta entreaberta

Sustento-me só

E isso é o todo

Olho atônito para o mundo e me reconheço insistindo,

Reconheço-me nos recomeços de cada dia...

Recolho a carta, espero a sorte. Calo-me na dor.

Sigo caminhando à espera, à espreita, à caça

De uma manhã que traga alento.

Brandim
Enviado por Brandim em 24/03/2019
Reeditado em 24/03/2019
Código do texto: T6606123
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.