O tudo, o todo
É minha alma em estilhaços que segue solitária,
Não é o espelho do meu corpo ou a pretensa força motora
O agente que me conduz nessa estrada
É tão somente a sombra do que fui, na esperança de um dia
Ser de novo
Estou frágil, quase suicida, às véspera de um noturno que se aproxima,
Às vésperas dos sortilégios imaginários,
Às vésperas de um sair de mim...
Estou só,
Completamente só na travessia
E isso é tudo um pouco antes de esticar os pés na última soleira do último andar,
Mas sustento-me nas próprias nuvens, procurando atento o apoio redentor
Sustento-me no último gole de vinho, na última porta entreaberta
Sustento-me só
E isso é o todo
Olho atônito para o mundo e me reconheço insistindo,
Reconheço-me nos recomeços de cada dia...
Recolho a carta, espero a sorte. Calo-me na dor.
Sigo caminhando à espera, à espreita, à caça
De uma manhã que traga alento.