Memórias
Nas lástimas que sofre o meu coração, abandonado pela paixão ardente que faz-me calar na aurora que se vai,
As preces já não são ouvidas e a escuridão já vem abraçando os dias que da matina se esvai,
Os dias que moravam em meus sonhos voaram nos céus do esquecimento e prosperaram no solo do vazio,
A juventude que em meu peito morava foi-se junto da névoa e nunca voltou e tornou-se o meu enxergar sombrio.
Os sonhos que sonhei agarraram-se no adeus que nunca dei mas que em mim sempre fez morada,
As músicas que compus nunca ouvi ou ao menos foram cantadas,
A mentira é uma verdade que se esconde nos lençóis da solidão e no falecer do espírito,
Quando a misericórdia é escassa e as flores da primavera já não cantam o que é bonito.
O medo do exílio tornou-se meu amigo que acolhe as palavras que não foram ditas e as declarações de amor que não foram feitas,
Nos sonhos dos sonhadores que morreram na crença de que tudo um dia acontecerá e que a alegria jamais será desfeita,
Temeram por mim que temo o futuro que não conheço mas que pela visão um dia vele,
No açoitar das dores dos que carregam a cruz do arrependimento e não aprendem com ele.
O caminhar de almas até o final é constante e a matéria é só mais uma estante de memórias,
As cicatrizes de momentos que vivi e a fotografia de momentos que viria a viver,
Mas as sombras da noite escureceram o meu coração que palpitava no soar dos dias,
O amor era somente uma promessa dos dias que jamais viriam.
Os sonhos são vividos no interior para que na pele seja sentido o poder de sua felicidade,
Mas nada vem-se a tornar realidade, tudo que se vê é apenas maldade,
Mas continuarei sonhando com o amanhã e a prosperidade que vive nos jardins celestiais,
Mesmo que nada um dia, se torne verdade.