Memórias

Nas lástimas que sofre o meu coração, abandonado pela paixão ardente que faz-me calar na aurora que se vai,

As preces já não são ouvidas e a escuridão já vem abraçando os dias que da matina se esvai,

Os dias que moravam em meus sonhos voaram nos céus do esquecimento e prosperaram no solo do vazio,

A juventude que em meu peito morava foi-se junto da névoa e nunca voltou e tornou-se o meu enxergar sombrio.

Os sonhos que sonhei agarraram-se no adeus que nunca dei mas que em mim sempre fez morada,

As músicas que compus nunca ouvi ou ao menos foram cantadas,

A mentira é uma verdade que se esconde nos lençóis da solidão e no falecer do espírito,

Quando a misericórdia é escassa e as flores da primavera já não cantam o que é bonito.

O medo do exílio tornou-se meu amigo que acolhe as palavras que não foram ditas e as declarações de amor que não foram feitas,

Nos sonhos dos sonhadores que morreram na crença de que tudo um dia acontecerá e que a alegria jamais será desfeita,

Temeram por mim que temo o futuro que não conheço mas que pela visão um dia vele,

No açoitar das dores dos que carregam a cruz do arrependimento e não aprendem com ele.

O caminhar de almas até o final é constante e a matéria é só mais uma estante de memórias,

As cicatrizes de momentos que vivi e a fotografia de momentos que viria a viver,

Mas as sombras da noite escureceram o meu coração que palpitava no soar dos dias,

O amor era somente uma promessa dos dias que jamais viriam.

Os sonhos são vividos no interior para que na pele seja sentido o poder de sua felicidade,

Mas nada vem-se a tornar realidade, tudo que se vê é apenas maldade,

Mas continuarei sonhando com o amanhã e a prosperidade que vive nos jardins celestiais,

Mesmo que nada um dia, se torne verdade.

Maria Fernanda de Araújo Dantas
Enviado por Maria Fernanda de Araújo Dantas em 21/09/2019
Código do texto: T6750318
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