CAETANA

Tristeza é um prato vazio no canto da mesa,

o desalento das moças passantes,

em cujas sombras vacilantes,

desenho a desilusão da certeza do que não volta.

O sol nascendo pela metade, o rio correndo quase morto,

é tudo quase, e nunca uma resposta que silencie a dor.

O riso é máscara de um brilho meio torto,

do que foi vida e se apaga no peito sombrio.

Não há coração para o mal onde os olhos estão cerrados,

e onde desaparecem as notas feitas por dedos fraturados.

Ninguém ouviu quando fui falar de amor,

porque revolta marca mais o canto que a redenção.

São fantasmas adoecidos da minha geração,

a ulcerada alvenaria, ferida, em todo seu esplendor.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 10/11/2019
Reeditado em 10/11/2019
Código do texto: T6791647
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