O grito silencioso
Há tempos eu grito
Grito em sonhos, em pesadelos
Grito no silêncio da amargura
Eu grito aquilo que está abafado
Pareço não gritar
Pareço estar em silêncio, resignada
Mas na verdade, me falta ar
Pois tudo que eu quero é gritar
Fecho os olhos e grito
Grito de forma silenciosa
Sem barulho, num canto escondido
Grito no meu travesseiro
Enquanto as lágrimas, essas também silenciosas
Escorrem em minha face
Cada sorriso é um pedido de socorro
Uma forma de dizer, de gritar
Que estamos sendo sufocados
Que a vida está levando a paz
O que se faz com cada emoção contida?
O que se faz com cada desejo reprimido?
O que se faz quando a alma está partida?
O que se faz quando o coração está doído?
Eu grito
Eu grito em cada célula
Eu grito em cada órgão
Eu grito enquanto escrevo
Eu grito enquanto durmo
Eu grito o tempo todo
Mas alguém ouviu?
O meu grito jaz silenciosamente
Envolto nas lágrimas e sorrisos
Que outrora permeavam a minha mente.