DOMADOR DE LEÕES

Você desperta a paixão, enquanto eu domo os leões em mim,

Porque os dias são maus, porque as naus devem partir enfim,

É o que dizem os astros, mastros a postos, rumo aos confins,

Território de ninguém, esta terra de águas, dos claros marfins

Saqueados à luz do dia, não corroborando à divina harmonia.

Apresento o santuário dos medos, dedos entrelaçados a orar,

Súplica que atravessa o ar e que o céu pode alcançar e ecoar

No ouvido da Divina Providência, como um salmo ou antifonia,

Como o canto, misto de lamento e encantamento, pode gritar

Até que o semblante inabalável repouse sutilmente neste olhar.

Indelével sentimento quer torturar quem aceite, se deixe levar

Por esta nuvem que precede o atoleiro, o timoneiro a titubear,

Sina onde administro o caos, degraus que me obriguei a subir,

Mas, pude avistar um diamante gigante, bem ao lado, um rubi,

Coração enorme que não dorme sem antes, cada dor subtrair,

A paz, o último estandarte do mártir, com seu sangue a esvair.

Sérgio Sousa
Enviado por Sérgio Sousa em 27/01/2020
Código do texto: T6851490
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