MORADOR DE RUA

E na noite fria
encolhe-se num canto
desejando loucamente
um aquecedor,
nem a bebida forte
aquece o frio intenso
que lhe gela as carnes
sob o fraco cobertor

Embaixo da marquise
o corpo frágil, entorpecido
não sente nem  dor
Sua vida não faz sentido.
e já não tem nenhum valor.

Lutou tanto para ter  dignidade,
a vida não lhe sorriu
a desigualdade falou mais forte
viver ou morrer agora tanto faz,
fecha os olhos lentamente
desejando ardentemente
 a eterna paz da morte