Sem Luz

As portas fecharam na senda difícil

E todo o caminho tornou-se num breu

Sem luz, lua, sol... esta é vida sofrida!

A luta é renhida. Não tenho apogeu.

Não tenho regaço de amor me acolhendo,

Ninguém está vendo o pulsar da minha alma.

Não tenho palavras de doce esperança

Que trazem mais sonhos de gozos e palma.

Mas ganho palavras negritas faladas,

Fatais punhaladas no meu coração

Que ecoam tufões, maremotos nervosos,

De pura maldade e de vil maldição.

Os véus neblinosos percorrem meu senso

Que vive propenso a ceder e cair

No hostil negativo da vaga horrorosa

Que faz murchar rosa e que faz sucumbir.

Tornar em real os meus sonhos mais lindos

Parece a quimera que me é infactível.

Que senda, meu Deus!... Oh, que luta infinita!

Peleja maldita!... Parece invisível!

Está me matando... O meu fôlego some...

As forças se esgotam... A sede é que vem

Lembrar-me que a morte no espírito é suja,

Com ela vem cova abstrata do além.

Pranteio calado o meu choro tristonho,

Querendo que a Luz ilumine a minha alma

E tire a pungência tão tétrica dela,

Devolva a esperança, a alegria, fé, calma.

Porque no meu peito o tufão violento

Me faz tão medroso, me faz sofredor!

Agora que vejo que sou muito langue

Eu rogo, rendido: - Socorro, Senhor!

Cairo Pereira
Enviado por Cairo Pereira em 06/09/2020
Reeditado em 07/09/2020
Código do texto: T7056651
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