Luto
São resíduos geográficos
Desprovidos de certeza,
E espalhados nos murais
Esses recados gritados.
Sufocaria cada um deles,
Pintaria de luto fechado
Para que ninguém visse
Tanta insanidade deflorada,
Em palavras gesticuladas
Sem nenhuma convicção.
É só um ritual apoteótico
De um desconforto anatômico
Que não passará de aventura,
Ou mais um ato tragicômico
Dessa atrapalhada ironia.
No salto surgirá uma nova mulher
Referendada como rainha
Fiel guardiã da loucura.
Insana o suficiente para reagir
E sair do palco ereta
Nem que seja em cacos
Engolir as próprias mazelas
Para em silêncio lamber suas feridas.