Luto

São resíduos geográficos

Desprovidos de certeza,

E espalhados nos murais

Esses recados gritados.

Sufocaria cada um deles,

Pintaria de luto fechado

Para que ninguém visse

Tanta insanidade deflorada,

Em palavras gesticuladas

Sem nenhuma convicção.

É só um ritual apoteótico

De um desconforto anatômico

Que não passará de aventura,

Ou mais um ato tragicômico

Dessa atrapalhada ironia.

No salto surgirá uma nova mulher

Referendada como rainha

Fiel guardiã da loucura.

Insana o suficiente para reagir

E sair do palco ereta

Nem que seja em cacos

Engolir as próprias mazelas

Para em silêncio lamber suas feridas.

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 04/11/2007
Código do texto: T722408
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