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Em minha ânsia por conhecer

O que há no plano mais alto

Cruzaste meu caminho

Em minha mais ardente busca

E me fez redescobrir sem disso me apetecer

O inferno mais recôndito do meu ser

Como se não existisse no mundo outra rosa

Como se eu nunca houvesse amado outra mulher

Como se eu não conhecesse a mim mesmo

Como nascer de novo pra morrer logo a seguir

O que complica meus dias

É não ter-te ao meu lado

Resta-me agora

Da solidão a face beijar

Em meu casulo novamente embotar

Novos sonhos e outras conquistas pra galgar

Porém...

Nem meu vasto universo obscuro

Nem todas as tramas a que conjuro

Não há base em que se possa augurar

Nem seu eterno frio me convence

Que possível seja sozinho estar

Se meu coração te pertence

Por que não estás aqui pra pegar?

Ainda que por mais um milênio

O poeta palhaço qual liberto pássaro

Em sua amarga praxe de voar sozinho

Permanece em seus vôos incertos

Um protegido da noite pela lua desperto

A olhar por ti e esperar por teu peito aberto

Pra receber este humilde vassalo

Cedo ou tarde terei de regressar

Mas por quem vou dizer que amo?

Por quem me sentirei seguro?

Encontrarei em algum canto ou futuro

A menor chance de perder-te?

Na luz que brilhará em teu olhar

No doce suspiro em meio ao teu sorriso

Receberás um poeta sem par

Agora um palhaço sem guiso

Do beijo que me é um sonho bom

Do abraço que me reserva tão firme acalento

Recolho as tiras da lembrança sem som

E vivo a saudade em meu constante tormento

Incerto e inseguro é o terror da tua ausência

Na poesia da tua vida e na dor da minha música

Lembrarei sempre sorrindo

De quem és pra mim na essência

A escuridão agora é meu par

É quem dança comigo ao luar

Girando, girando e comigo cantando

A melodia do amor idealizado

Como se fosses o que antes não havia em mim

Como se fosses a única rosa em meu jardim

Como se fosses o meu derradeiro fim

Como se eu voltasse ao início