TRANSFORMAÇÃO

Da minha própria voz,

não escuto o eco.

Como perdido, grito em vão.

Paro e penso, será que peco,

para viver em constante solidão?

As montanhas que existem no mundo,

tento passar, mas tudo em vão.

Olho para baixo vale profundo,

passar não dá, voltar então.

Deixo o corpo, vôo em espírito,

procuro então ver o outro lado.

Apavorado, eu sempre grito,

não conseguindo,volto cansado.

Grito pro mundo me escutar,

a voz se perde sem ressonância.

Neste momento começo a chorar,

pedindo e chorando como criança.

Criança que sou no mundo de agora,

sinto-me só e sem ter uma mão.

Sigo andando pelo mundo afora,

sem rumo e destino, sozinho então.

Penso em morrer, deixar este mundo,

procurar as promessas do outro lado

Mas sinto-me fraco, o vale é profundo,

eu esqueço as promessas e fico parado.

Parado, olhando o horizonte,

o sol se esconde no entardecer,

a lua aparece lá muito distante,

o brilho opaco, mal dá para ver.

Outro dia e o sol brilhará,

e a lua irá, embora então,

novamente voltarei a gritar,

gritarei bem alto,como trovão.

Eu quero e posso, vou conseguir

mudar meu destino, se ele existir,

não importa o tempo que eu gastar,

o que mais importa é eu chegar lá.

Na imensa esfera de um novo porvir,

à espera constante do novo amanhã.

Da vida fugaz, eu até posso sorrir,

sem ter que chorar e a mente sã.

Nascer ou morrer isso tudo é igual,

depende apenas de quem pode ver.

Tudo faz parte do mesmo caudal,

de um lado e d’outro, tudo é viver.

Quem poder entender a grande verdade,

escondida por traz na história humana.

Não se prende a aspectos da falsidade,

lê nas entrelinhas e nunca se engana.

15/10/83

Vanderleis Maia
Enviado por Vanderleis Maia em 11/11/2007
Código do texto: T733114