Bruta noite
Da minha janela singela,
Vejo lágrimas no céu.
Sinto minh'alma tornar-se réu,
Culpada por tanto anseio.
O raio que corta a escuridão
Abre feridas no coração.
O azul se desmancha em breu,
E o frio penetra minha pele.
Ah, bruta noite do vazio,
Que traz um sopro sombrio
E a tristeza sutil
Que a todos nos consome.
O ócio humano,
Pesado e insano,
Torna o mundo mais cruel.
E eu, perdida, observo o céu.