ENTRE A SOMBRA E A LUZ
Por que essa dor que não sei entender,
um peso na alma a me entristecer?
Será que é sombra da infância perdida
ou só cicatriz de uma vida ferida?
O mundo dos homens me soa cruel,
seus passos são frios, seu rastro é de fel.
Só veem a si, sua fome é o ter,
e eu me pergunto: onde está o viver?
Será que estou presa em um sonho insano,
ou vejo miragens num tempo profano?
O chão se dissolve, me sinto no ar,
quem sou eu nesse caos a girar?
O espaço que um dia foi meu aconchego
hoje é muralha, silêncio e medo.
O mundo lá fora não tem direção,
segue vazio, sem compaixão.
Mas quando me invade um raio de cor,
a vida renasce, esqueço a dor.
E vejo, na brisa que sopra serena,
que a vida é mistério, mas também é plena.
E assim sigo em meio ao céu e ao abismo,
buscando um farol nesse mar de egoísmo.
Se a dor é constante, a luz também brilha,
e a vida se ergue na força que trilha.