Romântica

Encontrar um amor...

Em que o beijo se procura,

E se encontra na magia...

De bocas que se saciam.

Encontrar um amor...

Com sabor de néctar de flor,

E aroma de campo molhado...

Pelo sereno orvalhado.

Encontrar um amor...

Que no silêncio de um olhar fale tanto,

Coisas, que em palavras não caberiam.

Como um ósculo sublime...

Como a brisa que acaricia a pele

E despe o pudor,

Reveste nosso corpo,

Com a pura emoção nascida do amor.

Encontrar um amor...

Que me faça chorar, me faça rir,

E sem vergonha eu possa mostra o meu bom, meu ruim...

Encontrar um amor...

Que fertilize a esperança

No meu árido peito,

E faça crescer um oásis lindo, perfeito.

Onde matarei a sede do meu querer,

Me encontrar, criar raiz...

Habitar num reino em que posso ser,

Rainha ou meritriz, sem medo de ser feliz

Encontrar um amor...

Que regue meus sonhos com beijos,

E aqueça meu corpo nas noites de frio,

Preenchendo do meu viver o vazio.

Encontrar um amor...

Que ultrapasse as barreiras,

E me alcance a alma.

Num simples roçar de lábios.

Num sorriso singelo,

Lindo, de um homem-menino.

Que tenha a beleza nascida da coragem de ser ele mesmo,

Que me envolva num abraço amigo...

E nas suas asas

Eu possa voar sem medo do destino a tomar.

Nunca vivi uma história de amor.

Penso até, que amor é só história.

E busco, consolo, nas mesmas que li,

E guardei na memória.

Como fuga para minha solidão,

E até hoje, acalentam o meu coração.

Encontra um amor...

Na minha idade já não é permitido.

A mim, só me resta a luxúria,

Que substitui os suspiros, anseios e juras,

De um amor tão distante de mim...

Como correr atrás do horizonte,

Na busca do seu fim.

Encontrar um amor...

Agora é relevante e complicado

Por isso recorro aos versos.

E a um poeta que por vezes,

No meu âmago adormecido

Apesar de medíocre,

Esquece a vaidade do aplauso,

E empresta seus sonhos para mim.

E nas noites me desperta.

E sussurra palavras desconexas, como estas...

Tive vontade de ter um amor...

Ínfimo que fosse.

Que me cobrisse de beijos,

Que me fizesse voar no momento do toque...

E numa homogenia mistura, nossos corpos

Pudessem misturar seivas, cheiros, cio...

Preenchendo as lacunas e nossos vazios

Numa troca de tesão e emoção,

Até a cumplicidade na queima de nossos corpos,

Nas chamas de uma louca paixão!

Tola, romântica estou...

Talvez, seja a tristeza de ter o sentimento na masmorra do medo...

É a certeza do desterro, da solidão,

Que vive imerso o meu coração.

As palavras que escrevo,

Me alimentam, mas, paradoxalmente,

Matam de inanição o meu viver...

Minha libido tão largamente descrita,

Maldita, só me faz sofrer.

Minha sina...

Queimar num sempre amor solitário.

E é perene na madrugada,

Ser incinerada com a luz de um desejo...

Com uma boca a procura de meus beijos.

Mas, sem essa chama para contemplar,

Serei mariposa sem motivo,

Empalhada pela desesperança.

Então ressuscito tal fênix, meu poeta

Das cinzas de mais uma desilusão.

Meu cúmplice de medos e dores,

Em busca de sonhos... De amores.

Desponta sereno, incorpora,

Escreve, ama, chora...

Por um colo onde repousar...

Por nunca poder amar!

Observadora
Enviado por Observadora em 20/04/2008
Reeditado em 21/04/2008
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