Lágrimas de uma maré

Manhã preguiçosa

A que hoje me acordou;

Força intrínseca teimosa

Que a noite lamentou!

Entre a parede branca

Do meu quarto acizentado

Emerge um medo que se agiganta

Mantendo meu olhar arregalado.

Conto seres imaginários

Num céu azul celeste,

São pensamentos refractários

Num negro manto agreste...

Suplico a uma qualquer

Poderosa divindade:

Traçai-me o esboço de mulher;

Libertai-me da minha ingenuidade!

Súplicas regadas pelo chorar

Intenso, constante e ferido

De alguém que se quer encontrar

No seio de um labirinto erguido

Pela sua própria forma de pensar.

Agora, na beira da estrada,

Aqui, ao pé do mar sentada;

Revejo-me no espelho das águas;

Revivo minhas mágoas...

Mas, sinto-me mais encorajada!?

O sol quente parece comunicar

Através do seu modo apaziguante

De me aquecer como seu calor...

E, é nesse efémero instante

Que me faz erguer o olhar

Encarando o medo sem temor.

Sou uma filha do mar;

Iemanja é a minha mãe divina!

Nas suas águas me deixa banhar

Enxaguando minhas lágrimas de menina.

Com essas lágrimas intensas

Gerei uma brutal maré alta:

Ondas bruscas são imensas...

Alma ingénua que se sobressalta!

artescrita
Enviado por artescrita em 04/02/2006
Código do texto: T107963